
Ser braguês
Braguês é um adjetivo qualificativo, sinónimo de bracarense ou brácaro, que significa natural ou pertencente a Braga. Mas, o que pode significar exatamente ser braguês?
Trata-se de um vocábulo cujo significado não pode propriamente limitar-se a uma definição por palavras. Ser braguês é ser diferente do que se se nascesse noutro qualquer local do mundo, detendo características inconfundíveis e eivadas de identidade. É, por assim dizer, peculiar!
Ser braguês é apreciar o som do cavaquinho ou da concertina, fazer compras na rua do Souto (ou no Braga Parque) e tertuliar junto à Arcada. Ser braguês é apreciar o roxo por altura da Semana Santa e não perder uma única das suas seculares procissões.
Ser braguês pode ser falar alto, trocar os “vês” pelos “bês”, e ler o Diário do Minho, nomeadamente a página da necrologia. É olhar a cidade através do canudo do Bom Jesus do Monte, dizer um palavrão de quando a quando e defender acerrimamente o que é nosso.
Ser braguês pode ser sinónimo de deitar foguetes quando há festa, juntar a família toda em torno de uma mesa, rejubilar perante os sucessos e chorar aos pés da Senhora do Sameiro.
Ser braguês é seguramente ser festeiro e viver o São João com toda a pompa, cantarolando o hino sanjoanino, dançando ao ritmo dos Zés-pereiras e desfrutando das seculares exibições que o Rei David e os Pastores não deixam de oferecer anualmente.
Ser braguês é conhecer o papel decisivo de Braga e dos seus arcebispos na fundação de Portugal, é perceber a grandiosidade da Sé de Braga, do barroco das igrejas e conventos ou do Bom Jesus do Monte. É suspirar por saber quão grande fomos no tempo dos romanos ou suevos e valorizar os sinais múltiplos da herança legada nos inúmeros vestígios arqueológicos de que a cidade dispõe.
Ser braguês é ser associado do Sporting Clube de Braga e viver em ansiedade as horas que antecedem os desafios. É transportar um galhardete pendurado orgulhosamente no automóvel e viver emocionado os grandes momentos da vida do clube, tendo bem presente que o sucesso e o nome da cidade são projetados inexoravelmente a cada destaque que o Enorme alcança.
Ser braguês é, geralmente, ser apreciador de vinho verde fresco ou de uma malga a transbordar de “tintinho”, sorvida na tasca mais tradicional e acompanhada de pataniscas. É sentir intensamente o paladar de um bacalhau à narcisa ou de uns rojões com papas de sarrabulho, acompanhados do inevitável pudim que, um dia, o abade de Priscos inventou.
Ser braguês é fervilhar de revolta sempre que a comunicação social ignora os grandes acontecimentos da nossa cidade e sentir o coração a sair do lugar quando o nome de Braga é pronunciado fora das nossas fronteiras.
Ser braguês é efetivamente ser especial.
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