Descrição
Ao longo da nossa existência vamos inevitavelmente acumulando memórias e referências, que nos vão moldando a identidade e definindo os nossos afetos e inclinações. Na memória de qualquer bracarense não faltam resquícios de noitadas sanjoaninas, bem passadas, passeios estivais nos pequenos botes de madeira suspensos sobre o grande lago do parque ou trilhos de cachecol ao peito em direção ao estádio. O recinto de São João da Ponte é, por isso, espaço imponderável da identidade bracarense. O pitoresco lugar de São João da Ponte, extremidade sul da avenida da Liberdade, é, desde há mais de um século, um autêntico contraponto à excelência da avenida Central. No topo norte, o espaço privilegiado das elites. No topo sul, o recato predileto do povo. A natureza ali vigorou sem cadeias ou amarras, imune à tendência de urbanizar, graças ao imponderável domínio dos Arcebispos, a quem competia a jurisdição daquele aprazível lugar. Até 1911 foi Coutada Primacial, dando depois lugar ao primeiro parque urbano de Braga. A Capela de São João da Ponte aqui ocupa o lugar da centralidade. Edificada em 1616, surge no preciso local onde decorria o epicentro das celebrações em honra de São João Baptista na cidade de Braga ao longo dos séculos XVI e XVII. A corrida do porco preto, citada pelo menos desde o século XVI, atraía então as atenções populares e concentrava toda a dinâmica dos festejos. Localizada junto a uma das principais saídas da cidade, a estrada para Guimarães, a capela adquiriu o nome em referência à ponte que servia de passagem sobre o rio Este.